Primeiramente, gostaria de agradecer os vários emails recebidos ontem e hoje em resposta às Notícias do Dia de ontem. Quanto carinho!
Prometo ser menos emotiva hoje. Talvez mais questionadora...rsrsrsrs
Na verdade, comentarei algo que ouvi recentemente de amigo que mora na zona sul e procura escola para o filho de 1 ano. Segundo ele, esteve em uma escola que pelo site aparenta ser muito bem estruturada e que atende até o ensino médio. Conheceu o berçário e gostou da proposta.
Até aí, tudo bem. O mais interessante foi o comentário dele: Sabe Pri, estive olhando no mural o ranking dos alunos nos vestibulares e a escola parece ter um alto índice de aprovação. Além disso, eles são autorizados a aplicar as provas de proficiência em inglês da Universidade de Cambridge e 100% dos alunos da escola foram aprovados esse ano que passou.
Tomei um susto! Afinal, o que está procurando?
Na segunda-feira, tanto a Ana Claudia, diretora, como o meu marido, vieram com uma reportagem que saiu na Vejinha, falando sobre os berçários TOPs de São Paulo. Meu susto foi maior ainda ao ler que um deles tem um mural com o que as berçaristas têm que conseguir fazer com que os bebês realizem nas determinadas idades, entre elas, agrupar por cor aos 8 meses.
Há mais ou menos um mês, saiu na Folha de SP, uma reportagem sobre berçários biligues e outros que possuem professores de inglês. Aulas de inglês no berçário? Como assim?
Tudo isso me dá medo. Medo pois nem meu amigo, nem os redatores da revista ou do jornal preocuparam-se com o bebê em si. Com a individualidade, o ser humano. A impressão é que estavam falando de robozinhos, programados para isso ou aquilo. Ninguém falou de afeto, de ambiente acolhedor, carinhoso.
E se meu bebê não conseguir agrupar por cor aos 8 meses? (duvido que algum consiga, diga-se de passagem) Ele vai ser visto diferentemente daquele que consegue? É menos inteligente?
Aí hoje, conversando com uma mamãe sobre nossos filhos maiores, que em breve irão para o ensino fundamental, ela me contou que presenciou 2 meninas brincando na brinquedoteca do prédio, de escrever na lousa. E que tinha uma lista com erros e acertos e quem acertava mais ficava no topo da lista. A mamãe, curiosa, foi perguntar o que era aquilo e ela falou que na escola dela é assim. Os melhores ficam nos primeiros lugares da lista do mural.
Tudo isso me dá desespero. Estímulo à competitividade é saudável desde que seja feita de maneira saudável. E eu pergunto a vocês, isso é saudável?
Saudável pra mim é saber que meu filho está feliz, sendo respeitado nas suas limitações e estimulado nas suas habilidades e gostos. Saudável é saber que ele está internalizando regras sociais, aprendizados científicos e de cidadania no dia-a-dia, com a vivência, que pra mim é a única forma dele manter este aprendizado para toda a vida e crescer respeitando os idosos, os semáforos, as filas, o planeta, a natureza, os filhos, gostando de ler, de praticar esportes. Saudável é saber que ele é chamado pelo nome e que todos na escola o conhecem, uma vez que a escola é o prolongamento da nossa casa, principalmente para nós que a usamos em período integral.
Certamente, o carinho e o aprendizado que tanto o pequeno que ainda está no berçário, como o maior, que irá para o fundamental no próximo ano no Passo tem, certamente transcende qualquer preocupação que eu tenha em eles aprenderem inglês aos 6 meses, tirarem cetificado de Cambridge aos 15 anos ou serem o primeiro da lista do mural da escola.
Tudo tem a sua hora, é apenas isso que eu quero dizer. E pra isso, não podemos perder os valores familiares, humanos e afetivos que custamos tanto para construir em nosso lar e que aos poucos estamos tentando transmitir aos nossos filhos.
É por isso que continuamos tocando o Berçário de maneira ímpar, respeitando a individualidade e o momento dos nossos bebês, tendo como base o desenvolvimento e não na idade. É nisso que acreditamos, é isso que realizamos. E também é nessa linha que a escola dá continuidade ao processo na ed. infantil, fundamental e médio.
E você, o que planeja pro futuro do seu filho?
Até amanhã,
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