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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Um ensaio sobre o desenvolvimento do bebê e a aquisição do "não".


Alguns pais têm me ligado, escrito, comentado no portão sobre as dificuldades de impor limites aos nossos pequenos.
Partindo disso, elaborei este texto com idéias sobre o desenvolvimento psicomotor do bebê e a aquisição do não. A bem da verdade, alguns pais podem já até terem visto alguma palestra minha sobre o tema, proferida em uma de nossas reuniões. Porém, nunca é demais relembrar.

O recém-nascido tem um objetivo central: obter prazer.
Daí a importância de, nos primeiros meses de vida, atender às suas necessidades quase que imediatamente, como já foi falado em outros textos meus.
À medida que ele vai crescendo e se desenvolvendo, e a mãe aprendendo que ele pode esperar, as demoras passam a ser primordiais para o seu desenvolvimento adaptativo. É tendo que esperar que ele entende que o mundo não gira em torno dele, e que ele é separado do mundo/mãe.
O choro, nesta fase, nada mais é do que uma descarga para reduzir o desprazer.

A partir dos 2 meses, o rosto humano é o percepto visual mais conhecido pelo bebê, até mesmo porque nessa fase o campo visual do bebê ainda é limitado e o rosto é o que está mais próximo dele nas mamadas, brincadeiras, trocas.
Uma observação é digna de nota: quando digo rosto humano, refiro-me aos 2 olhos, nariz e boca. Quando olhado de perfil, este não é identificado da mesma forma.

Por volta dos 3 meses, ele começa a perceber que é capaz de produzir sons e os distingue dos demais. Então, aquela vocalização que antes era um indicativo exclusivo de desprazer, passa a adquirir mais uma forma, a de um jogo. E é justamente nessa fase que o bebê começa a tolerar frustrações (os atrasos para as trocas, as demoras para as mamadas, etc).

Em torno dos 6 meses, o ego já é capaz de unir o que é bom do que é ruim, formando um objeto único, com características boas e ruins: a mãe.

Por volta dos 8 meses, aparece a ansiedade dos 8 meses, responsável por alterações de sono, afetivas e relacionais. É quando ele, definitivamente, percebe-se separado de objeto fundido (bom e ruim) que é a mãe.
Sugem então as demonstrações de raiva, possessão e afeição. A imposição de limites, quando é respeitada, representa um medo de perder a mãe por desobediência.

Ao redor dos 15 meses, é possível observar a concretização da abstração de uma recusa ou denegação: o maneio da cabeça. O bebê passa, então, a dominar o não. Esse é o início da comunicação, marcado por grande obstinação no segundo ano. Eis que surgem os conflitos entre as iniciativas da criança e as apreensões da mãe.

Para compreendermos melhor, vamos dividir os "nãos" em 3 etapas:

Etapa1
- A mãe diz não ao mundo (como forma de proteção e responsabilidade parental).
- Não envolve linguagem falada.
- Prossegue até que a criança tenha controle suficiente para se livar do controle familiar.

Etapa 2
- A mãe começa a dizer não ao bebê (proteção de perigos concretos como tomada, fogo, altura, etc).
- Esta é uma forma de apresentação do mundo ao bebê. Por isso, as negativas têm que ser consistentes e coerentes. Senão o mundo vira um lugar onde nada é permitido, ou onde o que é permitido hoje, amanhã simplesmente sem motivos, deixa de ser. (Por isso que eu sempre saliento nas nossas conversas a importância, nessa fase, de tirarmos do alcance deles tudo o que pode vir a machucar, quebrar, estragar. Esta é a hora de conhecer o mundo e explorar as suas diversidades. Portanto, deixem que eles explorem gavetas, potes, armários - desde que esses não contenham objetos que os coloquem em risco).
- Início da linguagem falada.

“A base do não é o sim. Existem bebês que foram criados na base do não. Talvez a mãe sinta que a segurança reside unicamente em assinalar inúmeras situações de perigo. Mas é lamentável quando a criança tem de travar conhecimento com o mundo desse modo”.Winnicott, 1993.

Etapa 3
- A mãe diz "não" e explica o porquê (proteção, moralidade e compreensão).
- Já existe a linguagem falada.
- Já é possível contar com a colaboração da criança.

Aí vocês me perguntam, e o pai? Você só falou da mãe!
O pai aparece como o aspecto inflexível na mãe que a habilita a dizer "não" e sustenta a negativa com firmeza. Mesmo tendo essa postura, o pai não perde nada com isso, pois ele também é amado. 
O casal deve sempre respeitar a postura de cada um dos parceiros e não tirar a autoridade um do outro. Ainda que discorde e converse posteriormente sobre os assunto. A criança precisa ter a segurança de que os dois são consistentes.

Finalizo então, com uma linda frase de um dos meus autores favoritos:

“No começo, vocês podem não gostar da idéia de consubstanciar o não; mas talvez aceitem o que pretendo dizer quando lembro que as crianças pequenas gostam que se lhes diga não. Elas não gostam de lidar sempre com coisas amenas e macias; também gostam de pedras, paus e chão duro, e gostam que se lhes diga quando devem cair fora, tanto quanto de serem mimadas.” Winnicott, 1993.


Um abraço,
Priscila



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