Então, achei importante pontuarmos aqui uma diferença que nem todos sabem a respeito da alfabetização e do letramento. Quem já ouviu falar de alfabetização? E quem já ouviu a palavra letramento?
Todos nós sabemos que alfabetizados são aqueles que são capazes de ler e escrever.
E letrados?
Então vamos voltar no tempo um pouquinho para que possamos entender o porquê dessa diferenciação.
No feudalismo, o conhecimento era transmitido de sábio para aprendiz, assim como o trabalho era todo artesanal e um único homem era capaz de realizar todas as etapas de um processo de produção.
Com a ascenção da burguesia e a expansão do comércio, o trabalho artesanal passou a ser substituído pelo trabalho manufatureiro, onde pessoas diferentes realizam etapas diferentes do processo de produção, com o objetivo de coletivizar a produção e produzir em larga escala.
Com o desenvolvimento social e a necessidade de se estabelecer a comunicação a distância, o trabalho pedagógico deixa de ser individualizado para atingir as massas. Eis que surge a Escola Moderna e a universalização do conhecimento.
Da mesma forma que o homem foi criando instumentos de trabalho, foi criada a Cartilha como primeiro instrumento pedagógico. Formaram-se, então, classes heterogêneas, no que concerne a idade e o conhecimento, orientadas por um professor.
Surge, então, o Método Tradicional. Um método de aprender a ler e escrever através do uso da cartilha cujo aprendizado se dá através de letras, sílabas, palavras e frases, todos centrados no código.
Porém, muitas mudanças sociais ocorreram como a expansão e a globalização dos países capitalistas, que foram responsáveis pela aproximação de diversas comunidades, países e continentes e pela ampliação dos instrumentos de comunicação de interlocutores à distância.
Eis que surge a necessidade não apenas de saber ler e escrever, mas de interpretar e traduzir o que está sendo dito. Isso traz à escola novas competências, atribuidas ao letramento, como manter a técnica do ler e escrever e ampliar a prática social da leitura e da escrita. O domínio do código incorpora a textualidade.
Essa nova perspectiva passa a ser pensada a partir dos anos 80, diferenciando o ensino tradicional do Ensino Transformador.
Este último, surge com a proposta de entender que a prática das habilidades deve ser em atividades significativas para a formação cultural, científica e ideológica do aprendiz.
Bem-vindo ao Pé Pequeno. Ainda que tenhamos um método apostilado, que sistematize o aprendizado e organize as idéias, a proposta da escola vai além. Através da multiplicidade de recursos e da ampla formação dos nossos educadores, buscamos oferecer atividades significativas, que tragam prazer e satisfação aos nossos pequenos aprendizes.
O método da repetição e da memorização é característico do ensino tradicional. Daí ensinarmos sim as famílias silábicas mas de forma diferenciada, vivenciada pela experiência, pela descoberta e não apenas pela simples repetição de B com A - BA, C com A - CA.
Quando eu falo que nem sempre nos preocupamos em avaliar essas questões quando escolhemos uma escola para os nossos filhos, é porque não temos esse conhecimento. Agora que vocês se apropriaram dele, façam suas escolhas conscientes.
Um forte abraço,
Priscila Zunno Bocchini
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