Hoje quero falar com vocês sobre um assunto muito pertinente:
O fato de entregar um presente ao irmão mais velho quando o mais
novo nasce, dizendo que este trouxe para ele(a). Quem já fez isso? Quem já
ouvir dizer que foi feito isso?
Procuro sempre dizer que as crianças são mais espertas que
pensamos. Que temos que ouvi-las, compreendê-las, respeitá-las. Como podemos
fazer isso com uma mentira? Como podemos fazer isso, tentando fazê-las crer que
um bebê recém-nascido é capaz de comprar um presente para o irmão (ou trazê-lo
das profundezas do ventre materno)?
Quando um irmão chega, este deve ser recebido com festa,
alegria, presentes. E o mais velho deve saber disso desde o começo. E se tem
alguém que deva ser presenteado, esse alguém é o bebê. Cabe aos pais, explicar
ao filho mais velho que quando ele nasceu, também recebeu muitos presentes,
muita festa e alegria. E que agora é a vez do irmão. E por que não mostrar as
fotos do nascimento dele que comprovam tal fato?

O irmão mais velho sim, poderá escolher um presente para levar
para o caçula na maternidade. Este pode ficar incumbido de abrir os pacotes, já
que o bebê ainda não consegue. Ele pode ajudá-lo a brincar com os brinquedos, a
escolher as roupas pra vestir. Cada coisa no seu lugar.
Por que será que estamos sempre evitando frustrações nos filhos?
Nossos filhos precisam sim ser frustrados. O mundo não é cor-de-rosa, com
estrelinhas piscando e mágicos da lâmpada para realizar os nossos mais
esdrúxulos ou comuns sonhos. E nossos filhos precisam saber disso.
Não há nada de errado em vê-los "cair na real". Para
isso existem os 9 meses de gestação. Para isso, podemos levá-los aos ultrassons
para ouvir o coração do bebê batendo, pedir ajuda na compra do enxoval,
escalá-lo para arrumar o guarda-roupas ou a mala de maternidade do pequeno que
vai chegar. Para isso, podemos conversar, ler histórias, explicar como a vida é
de verdade. Podemos participá-lo na hora do parto, fazendo-o esperar
ansiosamente, junto com a vovó, pela aparição do irmão no vidro do centro
obstétrico.
E nós também temos que aceitar que seremos pais de 2. Teremos
que dividir nosso tempo, nossa atenção, nosso carinho, nosso colo. Não é um
bicho de sete cabeças. Se dermos conta, eles também darão.
O que não podemos é viver num mundo faz de conta. Irmãos brigam,
disputam, sentem ciúmes, cuidam, aprendem a dividir, se defendem. Uns mais ,
outros menos. Muito depende de como administramos os comportamentos dentro de
casa, muito depende da personalidade de cada um.
Sei que muitos de vocês ainda pensam em ter um segundo ou
terceiro filho. É por esse motivo que vos escrevo. É por esse motivo que
encorajo muitos daqueles que só pensam em ter um, em ter mais de um. É por esse
motivo que, quando me perguntam, oriento esperar o primeiro estar com 3 anos
para o outro nascer.
Certa vez, escrevi uma história infantil que pretendo publicar
(se encontrar alguma editora que me queira - rsrsrs) sobre a chegada do irmão.
Obviamente que escrevi para o meu Matteo, quando estava grávida do Lucca. Mas
essa história já repassei para muitos pais, cujos feedbacks foram muito
positivos ao contar para seus filhos. Quem quiser, é só me pedir que
envio por e-mail (priscila@passoseguro.com.br).
Priscila Zunno Bocchini
Nenhum comentário:
Postar um comentário