Cada dia que passa, podemos observar menos pessoas preocupadas
com o cuidar. Cuidar da natureza, cuidar dos seus pertences, cuidar do outro.
E como isso está sendo passado para as
gerações dos nossos Pés Pequenos? O quanto a criança não está preocupada se o
seu livro de poup-ups rasgar, ou se perder a peça do seu brinquedo. A maioria
não tem a cultura de fechar a torneira ao escovar os dentes, ou admirar uma
planta sem arrancá-la. As mochilas são arrastadas na hora da saída, ficando
imundas, rasgadas. Os brinquedos quebrados vão para o lixo e logo são
substituídos por outros ainda melhores.
Estamos vivendo uma inversão de valores quando fazemos coleta
seletiva, aquecimento a gás mas deixamos a nossa planta morrer de sede nesse
clima seco.

E por falar em planta, o projeto de férias do primeiro ano do
Passo foi fazer crescer o alpiste da cabeça dos bonecos ecológicos que eles
fizeram durante o primeiro semestre. Os alunos tinham que decorar, colocar
olhos, regar, cortar cabelo... enfim, deixá-los lindos para o primeiro dia de
volta às aulas.
Obviamente que isso causou um certo empenho e dedicação das
crianças (e pais). E um prazer em cuidar de uma planta, por muitos deles. Meu
filho, que acompanhei de perto, estabeleceu uma rotina de regar diariamente à
noite, pois expliquei pra ele que as plantas só podem ser regadas logo cedo ou
à noite, para não "cozinhar" a raiz durante o dia de sol. Quando o
cabelo estava bem comprido, ele pediu que eu cortasse e fizemos um
"penteado radical". O meu mocinho foi todo feliz para a escola no
primeiro dia, munido de seu boneco com boca de zíper e olhos de botão,
"como no filme Coraline" - palavras do meu Matteo.
O Lucca, por sua vez, ao ver o irmão, pediu um igual. Fomos ao
Tatuapé Garden e compramos um boneco pra ele. Era o irmão falar de regar, lá
estava o Lucca, com o regador na mão.
Vocês assistiram "Corrente do bem"? Acho que é mais ou
menos por aí.
Com isso, acredito que a escola me ajudou a fortalecer alguns
valores importantes para os meus filhos. Mas mesmo assim, ainda acho que a
maior responsabilidade é minha. Sou eu quem tenho que ensinar a cuidar... seja
da planta, da água do nosso planeta, do cachorro, dos brinquedos, das pessoas
ou da parede do quarto. Eu que tenho que passar valores de vida, de respeito,
de preservação e até mesmo financeiros.
A era é da descartabilidade. Operadoras de celular ligam a cada
12 meses oferecendo novos aparelhos, e o que fazemos com os antigos? Lixo.
Agora DVD não vale mais nada, a bola da vez é o Blu Ray. Brinquedos, filmes,
jogos, estão tão disponíveis que compramos um novo a cada visita ao mercado.
Hot Wheels então, nem se fale. É presente de padaria, que aliás, está montando
uma verdadeira vitrine de atrativos para que nossos filhos nos convençam a
comprar. O pão mesmo, esquecemos. 2 mochilas por ano, vários tênis e pares de
sapatos. "Comeu, comeu, não comeu, lixo". Quantas vezes já não ouvi
essa frase. E por aí vai...
É pra pensarmos sobre tudo isso que escrevo hoje. E, quem sabe, tentar mudar um pouquinho o mundo que vivemos, preparando
nossos filhos para uma sociedade de respeito, de cuidado e de valor humano.
Priscila Zunno Bocchini
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