Hoje comecei o dia ouvindo uma das minhas músicas e compositores favoritos, regravada por ele, Caetano Veloso e Maria Gadu, num esplendoroso dueto de deixar qualquer um boquiaberto:
Rapte-me camaleoa
Já citei outras músicas de Caetano aqui. Não é por menos, tenho sua discografia completa e procuro analisar sempre que tenho tempo, as minhas favoritas. Isso sem contar que músicas ativam a memória, e muitas me fazem lembrar momentos que fizeram a vida valer a pena.
Enfim, essa música é pra mim um mix de erotismo com afeto. Com muita sutileza, Caetano (que dedicou a música à Regina Casé), consegue através dos inteligentíssimos versos, mostrar que desejo e afeto podem andar juntos. E que apesar dele tanto ansiar por uma resposta/mensagem a toa, de um quasar pulsando loa (quasar=uma das maiores fontes de energia do universo / loa=em transe) ele finaliza com um francês adocicado, pedindo que ela se adapte ao seu ne me quitte pas (que ela não o abandone).
Em tempos de "50 tons de cinza", a música cai como uma luva (quem quiser a interpretação completa da música, pode me pedir, que eu envio).
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Recentemente a revista época escreveu uma matéria relacionando filhos a infelicidade. Ainda não tive a oportunidade de lê-la na íntegra, mas o trecho que consegui ler fala exatamente disso: como conciliar a vida a dois, tão prazerosa antes do nascimento dos filhos, agora com filhos?
Já falei sobre isso no ano passado, pedindo para os pais analisarem como anda a vida a dois.
Hoje, com essas brechas que a sociedade está nos dando e com as reflexões que fiz no trânsito ao me pegar cantando a música citada, deixo uma tarefa mais ousada pra vocês: Como anda a vida sexual/afetiva do casal?
Não precisam me responder. Apenas reflitam. Por que será que um livro tão mal escrito está fazendo tanto sucesso? Talvez porque ele esteja dando a possibilidade de se falar o não dito ou até mesmo de se repensar algumas atitudes. Talvez porque ele revele uma linda história de amor. Talvez porque no final... (ah, não vou falar o que acontece no final, porque a versão em português do terceiro livro está pra sair dia 01 e eu tive o privilégio de ler em inglês, por isso sei do final, mas nem todos vocês o fizeram - leiam o final e depois entendam o que eu estou dizendo).
O fato é que uma vez que nos tornamos pais, parece que se torna incompatível sermos amantes. E isso é o que ajuda a trazer a infelicidade para o casal. Não dá pra ser "raptada" a qualquer hora, em qualquer lugar. A "cama boa" pode estar sendo ocupada por um intruso no meio da noite.
E mesmo quando nos damos umas "férias" dos filhos (uma viagem de final de semana ou deixá-los dormir na vovó para esticar um jantarzinho), a culpa impede que este "quasar pulsando loa" seja tão "interestelar canoa".
Ousada sim a Época falar que filhos trazem infelicidade para muitos casais, sendo que o clichê é exatamente o oposto. Mas necessária para que repensemos nosso papel de pais e amantes nos dias de hoje. Para que possamos transcender essas barreiras e tabus que permeiam nossas vidas cor-de-rosa de papais e mamães.
Acho que estou meio prolixa hoje. Espero ter conseguido fazê-los entender meus pensamentos e refletir sobre eles.
Priscila Zunno Bocchini
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