
A saída do Berçário e ingresso na Ed. Infantil é bastante
gratificante para pais e filhos. Os pequenos começam a adquirir mais
noções de identidade e autonomia, intensificam suas relações sociais com
colegas e professoras, começam ou finalizam o desfralde, aprendem a cuidar de
seus pertences, caprichar nas atividades, envolver-se nos projetos, ensaiar
para as festas, internalizar regras.
Sobre todos esses assuntos já
tratei, direta ou indiretamente, aqui nosso blog. Mas
é sobre o último que quero falar hoje.
Vivemos em sociedade, e uma vez
parte dela, devemos seguir suas normas e regras. Não passamos no farol
vermelho, pois sabemos que isso é errado, pode causar acidentes, tomar uma
multa, atropelar um pedestre.
O mesmo ocorre com a vidinha dos
nossos pequenos na escola. Quando estabelecemos que nas nossas Normas e
Regulamentos os alunos deverão vir trajados de uniforme ao adentrar a Escola,
significa que não é permitido que ele venha de blusão que não o da Escola. De
crocs, sandálias, havaianas. O uniforme consiste no agasalho de helanca, blusa
de lã ou blusão de moletom, short ou short-saia, camiseta de manga curta,
comprida ou regata, tênis preto, azul ou branco. Tudo o que estiver fora desse
padrão estabelecido pela Escola é "passar no farol vermelho".
Ás vezes, não paramos pra pensar
nisso, mas quando permitimos que num dia qualquer nossos filhos vistam uma
sapatilha das princesas ou uma camiseta que ele ama do carros para vir para a Escola,
estamos ensinando pra eles que, apesar de existir uma regra, estamos fazendo de
conta que ela não funciona para nós; em outras palavras estamos permitindo que
eles passem no farol vermelho com o nosso consentimento. Parece tão pouco, mas
vocês não imaginam como as coisas se sucedem na cabecinha de uma criança que
está aprendendo agora noções de limites e regras. E é justamente nessas poucas
coisas que estaremos ensinando valores e respeito aos outros.
Desrespeito aos amigos que vêm todos os dias vestidos adequadamente, mesmo querendo vir com o crocs que brilha no escuro. Desrespeito à Escola que organizou desta forma para que todos se sintam iguais, para que todos se reconheçam e sobretudo para que todos sejam identificados dentro e fora dela. Desrespeito à professora que terá que parar o que está fazendo para escrever na agenda sobre o uso inadequado de roupas e sapatos. Uma infinidade de significados que certamente vão fazer parte da personalidade dessa criança, quando ela crescer e resolver acelerar o seu carro a 200Km por hora na Radial Leste.
Desrespeito aos amigos que vêm todos os dias vestidos adequadamente, mesmo querendo vir com o crocs que brilha no escuro. Desrespeito à Escola que organizou desta forma para que todos se sintam iguais, para que todos se reconheçam e sobretudo para que todos sejam identificados dentro e fora dela. Desrespeito à professora que terá que parar o que está fazendo para escrever na agenda sobre o uso inadequado de roupas e sapatos. Uma infinidade de significados que certamente vão fazer parte da personalidade dessa criança, quando ela crescer e resolver acelerar o seu carro a 200Km por hora na Radial Leste.
O mesmo ocorre com a mochila de
rodinhas. Não passa um ano que não venha um pai dando uma de desentendido, querendo
empurrar uma mochila de rodinhas do filho, pra dentro da escola. Sabe-se, desde
sempre, que no Pé Pequeno, as mochilas de rodinha não têm vez. Elas podem ser
guardadas para o Passo, mas no Pé, não. O Joãozinho que queria tanto uma
mochila do Hot Wheels, que tem rodinhas para todos os lados, aceitou o
argumento da mamãe e do papai, que teria que esperar quando ele estivesse moço
para ganhar a sonhada mochila. Pois ele só poderá usá-la quando estiver no
primeiro ano, no Passo. Mas o Pedrinho não, ele chegou na Escola todo pomposo
com sua mochila Hot Wheels, aquela mesma sonhada pelo Joãozinho, para o
primeiro dia de aula. Quando voltou pra casa, a mamãe viu que tentar enganar a
Escola não deu certo, ao ler o bilhete na agenda com as Normas e Regulamentos
da Escola anexada, e vai ter que gastar mais uma graninha para comprar outra
mochila. E o Pedrinho, que estava todo satisfeito com sua nova mochila, vai ter
que abrir mão dela no segundo dia de aula. Isso se o Joãozinho não vier contar
pra mãe que o Pedrinho veio com uma mochila de rodinhas e que ele também quer.
O que pode deixar a mamãe do João muito brava, irritada ao ponto de sair mais
cedo do trabalho para falar com a coordenadora da Ed. Infantil, já que ela
seguiu as normas e agora se sente prejudicada. A coordenadora terá que
acalmá-la e explicar que as providências já foram tomadas e que, de fato, não é
pra vir para a Escola com mochila de rodinhas. Quanto dispêndio de energia...
Isso sem contar os brinquedos... A Tia Pri está sempre
escrevendo para os pais ensinarem seus filhos que existem brinquedos da escola
e brinquedos de casa. Que na escola se brinca com os brinquedos da escola e em
casa, com os de casa. Nem podemos levar os brinquedos da escola pra casa e nem
trazer os de casa pra escola. Estes brinquedos de casa devem permanecer no
carro, aguardando eles retornarem da escola para brincar. Eles não vão sumir. O
papai e a mamãe podem reforçar todos os dias isso. “Quando você voltar,
Joãozinho, ele vai estar aqui te esperando”. No Berçário ainda toleramos muitas
bonecas, carrinhos e afins, mas na Ed. Infantil, temos o dia do brinquedo que
é um dia no ano letivo e todos os dias de férias. Os demais dias, são dias do “não
brinquedo”. E se ele ainda não aprendeu a deixar o brinquedo no carro, agora
vai ter que aprender.
Enfim, esses três exemplos são apenas alguns dos muitos que
vivenciamos na rotina da Escola, mas que ilustram bem a mensagem que quero
passar para vocês: De nada adianta querer que seu filho obedeça as suas regras, se
você não obedece às que lhe são impostas.
Priscila Zunno Bocchini
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