
A primeira falou sobre a educação infantil, mais específicamente para quem trabalha na área. Com muito louvor e leveza.
Mas o Cortella, ah o Cortella... Quem o conhece sabe o que estou dizendo (joga o nome dele no google e vejam o seu pequeno CV).
Dos mais de 60 minutos de "aula" que ele nos deu, vou selecionar um pedaço para compartilhar com vocês:
Segundo ele, dois adventos da modernidade que mais atrapalharam a vida da família foram o microondas e a facilidade da aquisição dos produtos tecnológicos.
Não que o microondas não seja prático, pelo contrário, a praticidade é tanta que afasta as pessoas. Antes, as pessoas se reuniam para cozinhar, colocar a mesa, aguardar para comerem juntas a comida fresquinha e quentinha.
Hoje, quanto menos se faz, melhor. Cada um come em um horário, pois fica fácil esquentar a comida no microondas quando "bate" a fome. Ninguém mais senta pra comer junto, não se reune para cozinhar junto. E era justamente nesse momento, de todos reunidos à mesa, que se falava sobre o dia, que se discutiam assuntos, que se aprendiam coisas.
Hoje se come vendo tv, ouvindo ipod, acessando o facebook ou os emails. Era durante o jantar que os pais ensinavam os filhos sobre como se portar à mesa, como segurar um garfo ou não comer com as mãos. Sobre como é educado comer de boca fechada ou como não é educado comer toda a batata frita sem deixar para os outros. Que devemos esperar todos terminarem para comer a sobremesa e que não é nada bonito colocar mais comida no prato do que se pode comer.
Essas noções de convivência e de educação se perderam com o tempo. Hoje os pais nem têm tempo para observarem seus filhos comendo, quiçá corrigi-los ou educá-los em seus comportamentos.
Com a redução dos preços dos artigos antes considerados de luxo, como a TV, a casa que se reunia na frente da única TV, na sala, para assistir o telejornal ou a novela, passou a se desmembrar em quartos. Cada quarto com a sua TV, cada TV com o seu programa favorito. Com isso, o exercício da escolha coletiva, do preocupar-se com o desejo do outro, do viver em comunidade, perdeu-se.
Com tudo isso, não nos damos conta de quantas coisas estamos perdendo.
Como ele mesmo disse: Não existe falta de tempo, existe prioridade.
Se vocês priorizarem o jantar em família, o banho nas crianças, a democratização da TV e do rádio do carro, bem como tantas outras coisas, vocês estarão contribuindo para o desenvolvimento social, afetivo e emocional de seus filhos e seus de maneira saudável e educativa. Pois, trancrevendo suas palavras hoje: "na escola não se faz educação, se faz escolarização".
A escolarização é uma das partes da educação, mas não é a única. Educação se faz em casa, na escola, com os amigos, familiares, cada qual contribuindo de sua forma para a formação do sujeito.
Terceirizar a educação dos filhos é uma das novidades da sociedade atual, mas nada eficaz quando se tem em mente que não vai ser a escola ou a babá quem vai ser, exclusivamente, responsável por ela. É também o exemplo dentro de casa, o afeto atribuido às situações e ações, o acolhimento nos momentos de necessidade.
É por essas e outras que a Escola procura fazer a sua parte, estimulando que a criança faça ao menos uma refeição com os pais, não incluindo no pacote o valor do jantar.
É por essas e outras que procuramos partilhar conhecimentos, experiências, vivências, conceitos com a comunidade com o um todo.
É visando tudo o que há de melhor que possamos oferecer aos nossos Pés Pequenos que nos preocupamos, como eu aqui ao escrever esse texto, em dividir os aprendizados e orientar vocês, pais, na árdua tarefa de educar um filho.
Bom final de semana,
Priscila Zunno Bocchini
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