Total de visualizações de página

Bem-vindo ao Blog do Berçário Pé Pequeno!

Criamos este espaço para que nossos papais, mamães, colaboradores e demais interessados
possam trocar informações sobre o desenvolvimento dos bebês, rotina escolar, assuntos relacionados
ao universo infantil e tudo mais que surgir de inquietação, dúvida, medo, alegria, felicidade, etc, etc, etc...

Ah, você ainda não conhece o Pé Pequeno?
A hora é agora! Entre no site www.passoseguro.com.br e conheça essa querida Escola, instalada há 23 anos no bairro da Mooca, em São Paulo-SP que, ao longo desses anos, tornou-se referência em Ed. Infantil na região.

Não hesite em postar seus comentários. Basta clicar em Nome/URL, digitar o seu nome, e postar.
Vale salientar que para postar comentários você precisa usar um navegador mais avançado, como
Mozilla, Forefox, Google Chrome. O Internet Explorer não suporta.

Todos os comentários são muito bem vindos!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O processo de integração e a primeira mamada teórica

Temos uma pequenina no B1 que, além de encantar a todos, intriga aqueles que não conhecem a psicologia Winnicottiana. Ela só consegue se acalmar levando os 2 dedinhos (indicador e médio) da mão direita à boca.
Quando a pequena chora, todas as tias tentam levar seus dedinhos à boca, para facilitar o "encontro". Mas ela resiste. Ela mesma tem que os encontrar.

Pensando em Winnicott, e tentando explicar essa atitude dela para a equipe, resolvi postar um texto aqui. Assim, até a mamãe dela que nem imagina que hoje estou falando sobre sua pequena, pode entender um pouquinho melhor o que está se passando no desenvolvimento da filha.

O recém-nascido, segundo Winnicott, vem ao mundo num estado de não integração. Atentos à palavra não integração e não desintegração, pois essa quer dizer outra coisa.
Certa vez, li um texto que comparava este estado ao de uma câmera fotográfica com a lente desfocada que, à medida que vamos girando, vai integrando as imagens e resultando numa única imagem focada.
É mais ou menos assim. O bebê nasce sem repertório vivencial com o mundo externo. Suas experiências sensoriais são aquelas vivenciadas no ventre materno. Com o passar do tempo, ele vai integrando as experiências sensoriais e formando imagens visuais, cinestésicas e mentais do mundo.
Porém, ao contrário do que todos pensam, ao invés de primeiro aprender o que ele está vendo ou sentindo, ele acredita que ele é quem cria, ou seja, ele alucina. Como assim?
Bem, para o bebê, a sua principal fonte de prazer e desejo inicial (seio materno) é criada por ele. Mais ou menos como um mágico que tcharammmmm, levanta o pano preto e o que ele quer aparece. Ele ainda não tem o poder de entender que existe uma outra pessoa ali, que aquela pessoa é quem está oferecendo o alimento e afeto para ele. Daí, dizermos que o bebê, ao nascer, se entende como onipotente.
A mãe, quando corresponde à necessidade dele, nesses meses iniciais de vida, está nada mais nada menos que estimulando a sua alucinação. O máximo, não? É como se ela fosse o pano preto do mágico e soubesse exatamente quando aparecer. Daí as orientações para evitarmos as demoras nas alimentações e trocas durante os 6 primeiros meses de vida. O bebê precisa alucinar!
Essa alucinação nada mais é que o primeiro ato criativo do bebê. Aí nasce a critividade.
Aquelas enfermeiras de maternidade, sem conhecimento sobre o assunto, ao se depararem com a mãe que acabou de parir e carrega pela primeira vez o filho nos braços para amamentá-lo, correm ensinar como o filho deve fazer a pega do bico. Se elas soubessem como estão limitando a criatividade desse bebê! Quem tem que encontrar o bico é o bebê. Ele alucina, ele encontra. Os sucessivos encontros vão dar origem ao termo que Winnicott chamou de "primeira mamada teórica". Que é internalizado pelo bebê como algo que alivia o desconforto (da fome - ainda não reconhecida como tal por ele).
Assim, o bebê primeiro cria o seio e só depois é que ele percebe que ele de fato existe, que não é criação sua. E para isso, existe um longo percurso de integração pela frente.
Essa onipotência nascida com o bebê e alimentada pela mãe nos primeiros meses de vida, começa a se romper quando ele passa a perceber que nem tudo o que ele deseja acontece na hora que ele deseja. Essa dependência absoluta que ele tem do mundo, começa a se modificar à medida que a mãe vai falhando em suas tarefas (quando digo falhar, não significa que ela está errada, pelo contrário, são as falhas que tornam o mundo real para o bebê). Os atrasos nas mamadas, nas trocas, na atenção são alguns exemplos disso.
É tudo tão paradoxal que, uma das primeiras consequências do processo de integração (ou seja, do desenvolvimento saudável) é a perda da onipotência e a noção de dependência. Ele evolui, do ponto de vista do desenvolvimento, para frustrar-se.
 Essa noção que ele vai adquirindo de mundo, vai transformando a dependência absoluta em dependência relativa. Relativa, pois agora ele se percebe dependente, diferentemente de antes, quando ele nem sequer imaginava que existia um mundo (dependência absoluta).
Dai pra frente, são muitas etapas a serem alcançadas. Mas como o foco hoje são os 2 dedinhos da princesinha do berçário, vamos analisar o que está acontecendo com a nossa pequenina, hoje com 6 meses, à luz da teoria Winnicottiana.

A princesa não percebe ainda que os 2 dedinhos são seus. Ela literalmente alucina os dedos e acredita que eles foram criados por ela. Portanto, não adianta nada as tias colocarem os dedos na boca dela quando está manhosa ou com sono, ela o tem que fazer. Só ela é capaz de encontrar os dedinhos e aliviar o seu stress. E ela precisa acreditar nessa alucinação. Pelo menos, por enquanto. Se retiramos os dedos da boquina dela, estamos tolhindo o seu potencial criativo que vai refletir no seu desenvolvimento lá na frente. Uma hora ela vai entender que, esses dedos são dela e que eles estavam ali muito antes dela imaginar. Como? Como um reflexo da sua relação com a mamãe e a tia do berçário que a representa, quando pedem para ela esperar um pouquinho que ela está indo esquentar o leite, por exemplo.
Quando? Ninguém sabe. Cada um tem o seu tempo. Temos que respeitar o tempo de cada um.
E quem sabe, quando ela se der conta de que seus dedos estão lá, facilmente acessiveis e parte integrante do seu corpo, ela mesma nem dê mais bola para eles e deixe de chupá-los.

Priscila Zunno Bocchini

6 comentários:

  1. oiiiii Priscila, adorei o texto e é por isso q não tento mais colocar o dedinho na boca dela, aprendi a respeitar o tempo dela.
    e to feliz em aprender cada vz mais com seus texto...obrigado

    ResponderExcluir
  2. Nossa Pri, o máximo esse texto!! Como sempre vc esclarecendo as nossas dúvidas....Eu já passei por isso com a Lissa, faz tempo que não acontece ou pq eu aprendi a lidar com isso ou pq ela já deve ter amadurecido. Qual é a idade que eles param de alucinar?

    ResponderExcluir
  3. Oi Pri, gostei muito do texto. Fiquei com uma dúvida, isso acontece somente com bebês pequenos ou tb no caso do Eric, que está sempre com os dedos da boca?
    bj
    Maria Eugenia

    ResponderExcluir
  4. Nilda, fico feliz de estar ajudando no seu desenvolvimento profissional. Bjs

    Kátia, em crianças fica complicado determinar a idade exata. Mas geralmente entre os 6 e 8 meses. Só que tem crianças que se antecipam, outras q ficam mais tempo numa mesma fase.Tudo depende do conteúdo genético e do ambiente (cuidados, mãe, babás, etc). Bjs

    Maria Eugênia, isso acontece mais com os bebês pequenos. O Eric certamente já passou dessa fase. Esse comportamento dele tem outra conotação que precisa ser melhor observada e avaliada. Mas com certeza ele está querendo "dizer" alguma coisa com esse comportamento. Observe! Bjs

    ResponderExcluir
  5. Obrigada Pri pela resposta.
    Pri...será que vc poderia nos dizer sobre 'manias'?
    Como a mãe "Maria Eugênia" perguntou sobre dedo na boca...
    Roer unha é uma mania?
    Pois agora que é o começo acredito que seja mais facil de tirar essas 'manias' não é?
    Bjos!!

    ResponderExcluir